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sábado, 9 de agosto de 2025

[AULA 5] Relações entre Recursos Expressivos e Efeitos de Sentido - 9º ano

 


D16 – Identificar efeitos de ironia ou humor em textos variados

No trecho:

"Ironia ou não, enquanto as lojas anunciam 'oportunidades imperdíveis', os consumidores se endividam justamente por não perderem tais 'oportunidades'."
Questão 1. Qual é o efeito de ironia presente nesse trecho?

a) Apresentar uma oportunidade real de compra com desconto.
b) Mostrar que as promoções ajudam os consumidores a economizar.
c) Destacar que, ao tentar aproveitar “oportunidades”, as pessoas acabam prejudicando-se financeiramente.
d) Explicar que as lojas usam linguagem direta para atrair clientes.

Resposta correta: C) Destacar que, ao tentar aproveitar “oportunidades”, as pessoas acabam prejudicando-se financeiramente.

Comentário:
O trecho utiliza ironia ao mostrar que as “oportunidades imperdíveis” anunciadas pelas lojas acabam levando os consumidores ao endividamento. O efeito irônico está no contraste entre o sentido positivo da expressão e o resultado negativo real.

  • A está incorreta porque o trecho não apresenta uma oportunidade real.

  • B está incorreta porque não diz que há economia real, e sim prejuízo.

  • D está incorreta porque não fala sobre o uso literal de linguagem direta.


D17 – Reconhecer o efeito de sentido decorrente do uso da pontuação e de outras notações

Observe a frase:

"...vender a ilusão de felicidade em parcelas 'que cabem no bolso'."
Questão 2. O uso das aspas em "que cabem no bolso" indica que:

a) O autor acredita literalmente que as parcelas cabem no orçamento.
b) Há dúvida ou crítica em relação à veracidade dessa expressão.
c) Trata-se de um termo técnico do mercado financeiro.
d) É apenas um destaque gráfico para atrair atenção.

Resposta correta: B) Há dúvida ou crítica em relação à veracidade dessa expressão.

Comentário:
O uso das aspas indica que a frase “que cabem no bolso” não deve ser entendida literalmente; o autor usa o recurso para criticar a expressão publicitária, sugerindo que ela não corresponde à realidade financeira do consumidor.

  • A está incorreta porque o autor não acredita literalmente na frase.

  • C está incorreta porque a expressão não é termo técnico.

  • D está incorreta porque as aspas aqui têm função semântica (crítica), não apenas estética.


D18 – Reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de uma determinada palavra ou expressão

No trecho:

"É urgente que escolas, famílias e governos unam esforços..."
Questão 3. O uso da palavra "urgente" tem o efeito de:

a) Indicar que o tema é importante, mas pode ser tratado futuramente.
b) Demonstrar que o autor considera o assunto prioritário e imediato.
c) Sugerir que apenas escolas devem agir rapidamente.
d) Enfatizar que a educação financeira é algo opcional.

Resposta correta: B) Demonstrar que o autor considera o assunto prioritário e imediato.

Comentário:
A escolha do adjetivo “urgente” intensifica o tom de prioridade e necessidade imediata de ação. É mais forte que “importante” e mostra que o autor defende que o tema deve ser tratado sem demora.

  • A está incorreta porque “urgente” não sugere espera.

  • C está incorreta porque o trecho inclui escolas, famílias e governos, não apenas escolas.

  • D está incorreta porque o autor defende que é necessário, não opcional.


D19 – Reconhecer o efeito de sentido decorrente da exploração de recursos ortográficos e/ou morfossintáticos

Na frase:

"A educação financeira não significa viver de forma avarenta ou abrir mão de prazeres legítimos..."
Questão 4. O uso da conjunção "ou" na expressão “viver de forma avarenta ou abrir mão de prazeres legítimos” indica:

a) Que a educação financeira exige ambas as ações ao mesmo tempo.
b) Que o autor está apresentando alternativas distintas que não correspondem ao real significado de educação financeira.
c) Que as duas ações são obrigatórias para quem quer economizar.
d) Que a frase deve ser lida como uma ironia.

Resposta correta: B) Que o autor está apresentando alternativas distintas que não correspondem ao real significado de educação financeira.

Comentário:
O “ou” conecta duas ideias equivocadas sobre o que seria educação financeira: viver de forma avarenta ou abrir mão de prazeres legítimos. O autor nega ambas, mostrando que elas não definem o conceito defendido.

  • A está incorreta porque não se trata de exigência simultânea.

  • C está incorreta porque não afirma que essas ações são obrigatórias.

  • D está incorreta porque não é ironia, mas negação de interpretações erradas.


Leia o texto abaixo.

AS DUAS NOIVAS

O ônibus parou e ela subiu. Ele se encolheu, separando-se da outra, as mãos enfiadas entre os joelhos e olhando para o lado – como se adiantasse, já tinha sido visto. A noiva sorriu, agradavelmente surpreendida:

Mas que coincidência!

E sentou-se a seu lado. Você ainda não viu nada – pensou ele, sentindo-se perdido, ali entre as duas. Queria sumir, evaporar-se no ar. Num gesto meio vago, que se dirigia tanto a uma como a outra, fez a apresentação com voz sumida:

—Esta é minha noiva…

—Muito prazer – disseram ambas.

Fonte: Sabino, Fernando. Obra Reunida. Volume III, Editora Nova Aguilar S.A. – Rio de Janeiro, 1996, p.

 Questão 5. No texto, a ironia está no fato de que as moças

A) se conheciam.

B) se cumprimentaram.

C) falaram ao mesmo tempo.

D) noivaram com o mesmo rapaz.

Resposta correta: D) noivaram com o mesmo rapaz.

Comentário:
A ironia do texto está no contraste entre a apresentação do rapaz e a reação das moças. Ele faz a apresentação dizendo “— Esta é minha noiva…”, e o texto registra que ambas respondem “Muito prazer” (— “Muito prazer – disseram ambas.”). Esse diálogo sugere — de forma inesperada e irônica — que as duas moças são apresentadas como sua noiva, ou seja, que estariam noivas do mesmo rapaz.

  • A (se conheciam) não é indicado pelo texto — não há referência a elas já se conhecerem.

  • B (se cumprimentaram) descreve uma ação literal, mas não capta o efeito irônico do trecho.

  • C (falaram ao mesmo tempo) pode ser verdade em termos narrativos (“disseram ambas”), mas não é o núcleo da ironia; o que causa o efeito ironizado é o fato de ambas serem, implicitamente, a “noiva” do mesmo rapaz.

 

Leia e resolva.

 

Questão 6. Na tirinha, o elemento responsável pelo humor é

A) o indicador do desemprego.

B) a indignação de Mafalda no final.

C) a mudança no formato dos balões.

D) a quebra de expectativa no texto.

Resposta correta: D) a quebra de expectativa no texto.

Comentário:
O humor da tirinha nasce do jogo de sentidos entre dedo indicador (objeto literal) e indicador de desemprego (termo econômico/abstrato). A tira constrói uma expectativa — fala sobre o “indicador” (o dedo) — e no final faz a personagem concluir, de modo inesperado, que o dedo seria “o tal indicador de desemprego de que tanto se fala”. Essa surpresa / deslocamento de sentido (confundir um indicador físico com um indicador econômico) é a quebra de expectativa que provoca o riso.

  • A (o indicador do desemprego) aponta o tema presente na piada, mas não descreve o mecanismo humorístico principal; o objeto em si aparece na piada, mas o que gera humor é a leitura inesperada/heavy da expressão.

  • B (a indignação de Mafalda no final) é secundária à piada; a reação contribui, mas não é a causa do humor.

  • C (a mudança no formato dos balões) é um recurso gráfico possível, mas não é o elemento fundamental da piada aqui.


 (A.D.A - SEDUC-GO). Leia o texto a seguir e responda.

Furto de flor

Carlos Drummond de Andrade

Furtei uma flor daquele jardim. O porteiro do edifício cochilava, e eu furtei a flor.

Trouxe-a para casa e coloquei-a no copo com água. Logo senti que ela não estava feliz. O copo destina-se a beber, e flor não é para ser bebida.

Passei-a para o vaso, e notei que ela me agradecia, revelando melhor sua delicada composição. Quantas novidades há numa flor, se a contemplarmos bem.

Sendo autor do furto, eu assumira a obrigação de conservá-la. Renovei a água do vaso, mas a flor empalidecia. Temi por sua vida. Não adiantava restituí-la no jardim. Nem apelar para o médico de flores. Eu a furtara, eu a via morrer.

Já murcha, e com a cor particular da morte, peguei-a docemente e fui depositá-la no jardim onde desabrochara. O porteiro estava atento e repreendeu-me.

— Que ideia a sua, vir jogar lixo de sua casa neste jardim!

Disponível em: https://www.contioutra.com/furto -de-flor-uma-cronica-de-carlos -drummond-de-andrade/.

 

Questão 7. O uso do ponto de exclamação no trecho “— Que ideia a sua, vir jogar lixo de sua casa neste jardim!”, sugere que o porteiro ficou

A) intimidado com a atitude do narrador.

B) preocupado com atitude do narrador.

C) amedrontado porque o homem jogou lixo no jardim.

D) indignado com o fato do narrador jogar a flor no jardim.

Resposta correta: D) indignado com o fato do narrador jogar a flor no jardim.

Comentário:
A exclamação em “— Que ideia a sua, vir jogar lixo de sua casa neste jardim!” e o verbo do enunciado (“o porteiro estava atento e repreendeu-me”) indicam clara reprovação e irritação do porteiro. A construção é uma interjeição de censura: o porteiro não está assustado nem apenas preocupado — está expressando indignação por interpretar o gesto como uma atitude incorreta (jogar “lixo” no jardim).

Por que as outras alternativas estão incorretas:

  • A (intimidado): “Intimidado” sugere medo ou receio; o trecho mostra reação de reprovação/ira, não de medo.

  • B (preocupado): “Preocupado” é uma reação mais branda; o uso da exclamação e a palavra “repreendeu” marcam um tom mais enérgico — censurador, isto é, indignado.

  • C (amedrontado porque o homem jogou lixo no jardim): A alternativa supõe medo e afirma que o narrador efetivamente jogou lixo — o que não acontece; o porteiro apenas repreende, presumindo uma ação indevida. Além disso, o sentido do enunciado aponta para reprovação, não para medo.

A.D.A - SEDUC-GO). Leia o texto e, a seguir, responda.

 

Texto, Quadro de comunicações

O conteúdo gerado por IA pode estar incorreto.

LAERTE, Piratas do Tietê. Folha de S. Paulo, 25 nov. 2000.

 

Questão 8. No segundo quadrinho, o ponto de interrogação após a expressão “O quê?...” mostra que o gato está

A) comovido.

B) indignado.

C) desmotivado.

D) entusiasmado.

Resposta correta: B) indignado.

Comentário:
No segundo quadrinho, o gato reage à fala “SÓMI” interpretando-a como se fosse “suma daqui” ou “desapareça”. O ponto de interrogação após “O quê?...” expressa surpresa seguida de questionamento, indicando que ele se sentiu ofendido. A sequência “Tá me mandando sumir, sua grossa?!” confirma esse tom de indignação, pois há acusação e julgamento na fala.

Por que as outras alternativas estão incorretas:

  • A (comovido): não há demonstração de emoção positiva ou sensibilização; a reação é de ofensa.

  • C (desmotivado): o gato não está sem ânimo, mas sim reagindo de forma ativa e exaltada.

  • D (entusiasmado): entusiasmo é um sentimento positivo e animado, o que não condiz com o tom de protesto presente na fala.


 Leia o texto e, a seguir, responda.

DESIGUALDADE SOCIAL NO BRASIL

As informações da desigualdade no Brasil são de arrepiar. Escolha qualquer indicador, mulheres e negros estão sempre abaixo de homens e brancos. No país, a renda do 1% mais rico é igual à dos 99% restantes. E ricos ficam cada vez mais ricos e pobres mais pobres.

No mundo, há 62 indivíduos com renda somada de US$ 1,7 trilhão, igual ao que ganham os 50% mais pobres do planeta. Mas nós, brasileiros, somos campeões mundiais em desigualdade.

O pior é que a maioria dos pobres no Brasil vive na periferia das cidades. Sonha com melhor emprego, transporte, segurança, saúde e educação. Mas sofre as mazelas do dia a dia. Quem mora na Restinga gasta três horas para ir e voltar do trabalho.

É claro que só sairemos do buraco se enfrentarmos a crise da Previdência, as distorções nas relações de trabalho e se tornarmos a economia mais competitiva. Mas, sem políticas que promovam melhor distribuição de renda e serviços públicos de melhor qualidade, o Brasil nunca avançará. É preciso cuidar dos mais vulneráveis. E isso exige patriotismo. Olhar menos para o próprio umbigo. Aceitar perder privilégios. É a única forma através da qual filhos de quaisquer brasileiros, sobretudo os mais pobres, poderão se tornar, um dia, profissionais mais competitivos. O Brasil está ruim até para os ricos. Muitos mantêm seus negócios aqui, mas a família já foi embora, para fugir da violência. Imagine a vida de quem não tem alternativa a não ser ficar.

Gilberto Schwartsmann. (Médico e professor)

 Questão 9. A expressão “Olhar menos para o próprio umbigo” significa:

A) mostrar a necessidade da persistência.

B) destacar os problemas das outras pessoas.

C) evitar excessiva importância para si mesmo.

D) ressaltar a necessidade de notar a si próprio.

Resposta correta: C) evitar excessiva importância para si mesmo.

Comentário:
A expressão “Olhar menos para o próprio umbigo” é uma metáfora para reduzir o egoísmo e a preocupação exclusiva consigo mesmo, passando a se importar mais com o coletivo. No contexto do texto, o autor defende que é necessário abrir mão de privilégios individuais para melhorar a vida de todos, especialmente dos mais vulneráveis.

Por que as demais estão incorretas:

  • A: persistência não é o foco da expressão; trata-se de altruísmo e solidariedade.

  • B: apesar de envolver atenção ao outro, “destacar os problemas das outras pessoas” não expressa a ideia central, que é parar de pensar apenas em si.

  • D: é o oposto do sentido; “ressaltar a necessidade de notar a si próprio” reforçaria o egoísmo, que é justamente o que a frase combate.

Leia o texto e, a seguir, responda.

Sinal

Olá, como vai?

Eu vou indo e você, tudo bem?

Tudo bem, eu vou indo, correndo

Pegar meu lugar no futuro, e você?

Tudo bem, eu vou indo em busca

De um sono tranquilo, quem sabe?

Quanto tempo, pois é, quanto tempo

Me perdoe a pressa

É a alma dos nossos negócios

Qual, não tem de que

Eu também só ando a cem

Quando é que você telefona?

Precisamos nos ver por aí

Pra semana, prometo, talvez

Nos vejamos, quem sabe

Quanto tempo, pois é, quanto tempo

Tanta coisa que eu tinha a dizer

Mas eu sumi na poeira das ruas […]

Paulinho da Viola.

 Questão 10. Na expressão, “…só ando a cem” o autor quis dizer que anda com

A) bastante pressa, correndo.

B) muito cuidado, bem devagar.

C) muito medo e preocupado.

D) toda tranquilidade, despreocupado.

Resposta correta: A) bastante pressa, correndo.

Comentário:
A expressão “só ando a cem” é uma metáfora que remete à velocidade (100 km/h), indicando pressa e agitação. No contexto da letra, o autor fala de encontros rápidos, compromissos e correria, transmitindo a ideia de uma vida acelerada e sem tempo para conversar com calma.

Por que as demais estão incorretas:

  • B: “muito cuidado, bem devagar” é o oposto do sentido.

  • C: a fala não transmite medo ou preocupação, mas sim rapidez.

  • D: “toda tranquilidade” também contraria o sentido, pois a frase transmite agitação, não calma.

(SEAPE). Leia o texto abaixo.

Por que o cachorro foi morar com o homem?

O cachorro, que todos dizem ser o melhor amigo do homem, vivia antigamente no meio do mato com seus primos, o chacal e o lobo.

Os três brincavam de correr pelas campinas sem fim, matavam a sede nos riachos e caçavam sempre juntos.

Mas, todos os anos, antes da estação das chuvas, os primos tinham dificuldades para encontrar o que comer. A vegetação e os rios secavam, fazendo com que os animais da floresta fugissem em busca de outras paragens.

Um dia, famintos e ofegantes, os três com as línguas de fora por causa do forte calor, sentaram-se à sombra de uma árvore para tomarem uma decisão.

– Precisamos mandar alguém à aldeia dos homens para apanhar um pouco de fogo – disse o lobo.

– Fogo? – perguntou o cachorro.

– Para queimar o capim e comer gafanhotos assados – respondeu o chacal com água na boca.

– E quem vai buscar o fogo? – tornou a perguntar o cachorro.

– Você! – responderam o lobo e o chacal, ao mesmo tempo, apontando para o cão.

De acordo com a tradição africana, o cão, que era o mais novo, não teve outro jeito, pois não podia desobedecer a uma ordem dos mais velhos. Ele ia ter que fazer a cansativa jornada até a aldeia, enquanto o lobo e o chacal ficavam dormindo numa boa.

O cachorro correu e correu até alcançar o cercado de espinhos e paus pontudos que protegia a aldeia dos ataques dos leões.

Anoitecia, e das cabanas saía um cheiro gostoso. O cachorro entrou numa delas e viu uma mulher dando de comer a uma criança. Cansado, resolveu sentar e esperar a mulher se distrair para ele pegar um tição.

Uma panela de mingau de milho fumegava sobre uma fogueira. Dali, a mulher, sem se importar com a presença do cão, tirava pequenas porções e as passava para uma tigela de barro.

Quando terminou de alimentar o filho, ela raspou o vasilhame e jogou o resto do mingau para o cão. O bicho, esfomeado, devorou tudo e adorou. Enquanto comia, a criança se aproximou e acariciou o seu pelo. Então, o cão disse para si mesmo:

– Eu é que não volto mais para a floresta. O lobo e o chacal vivem me dando ordens.

Aqui não falta comida e as pessoas gostam de mim. De hoje em diante vou morar com os homens e ajudá-los a tomar conta de suas casas.

E foi assim que o cachorro passou a viver junto aos homens. E é por causa disso que o lobo e o chacal ficam uivando na floresta, chamando pelo primo fujão.

BARBOSA, Rogério Andrade. Disponível em <http://www.ciadejovensgriots.org.br/Contos_Africanos_Infantis/Porque_o_cachorro_foi_

morar_com_o_homem.php>. Acesso em: 5 jul. 2011. 


Questão 11. No trecho “Quando terminou de alimentar o filho, ela raspou o vasilhame e jogou o resto do mingau para o cão.” (17° parágrafo), o autor, ao utilizar o tempo dos verbos destacados estabelece

A) a conclusão de um fato.

B) a continuidade de uma ação.

C) a possibilidade de ocorrência de um fato.

D) a condução para a realização de uma ação.

Resposta correta: A) a conclusão de um fato.

Comentário:

Os verbos “terminou”, “raspou” e “jogou” estão no pretérito perfeito, que indica ações concluídas em um momento específico no passado. No trecho, o autor descreve ações que já se encerraram, estabelecendo a conclusão de eventos ocorridos antes do momento seguinte da narrativa.

Por que as demais estão incorretas:

  • B: a continuidade de uma ação seria expressa pelo pretérito imperfeito, e não pelo perfeito.

  • C: a possibilidade seria marcada por modos como o subjuntivo ou por verbos auxiliares indicando hipótese.

  • D: “condução para a realização” implicaria uma preparação ou ação futura, o que não é o caso.

(SPAECE). Leia o texto abaixo.

O craque sem idade

Quando acabou a etapa inicial do jogo Brasil x Paraguai, o placar acusava um lírico, um platônico 0 x 0. Ora, o empate é o pior resultado do mundo. [...] Acresce o seguinte: de todos os empates o mais exasperante é o de 0 x 0. [...] 

Súbito, o alto-falante do estádio se põe a anunciar as duas substituições brasileiras: entravam Zizinho e Walter. Foi uma transfiguração. Ninguém ligou para Walter, que é um craque, sim, mas sem a tradição, sem a legenda, sem a pompa de um Ziza. O nome que crepitou, que encheu, que inundou todo o espaço acústico do Maracanã foi o do comandante banguense. Imediatamente, cada torcedor tratou de enxugar, no lábio, a baba da impotência, do despeito e da frustração. O placar permanecia empacado no 0 x 0. Mas já nos sentíamos atravessados pela certeza profética da vitória. Os nossos tórax arriados encheram-se de um ar heroico, estufaram-se como nos anúncios de fortificante.

Eis a verdade: a partir do momento em que se anunciou Zizinho, a partida estava automática e fatalmente ganha. Portanto, público, juiz, bandeirinhas e os dois times podiam ter se retirado, podiam ter ido para casa. Pois bem: veio o jogo. Ora, o primeiro tempo caracterizara-se por uma esterilidade bonitinha. Nenhum gol, nada. Mas a presença de Zizinho, por si só, dinamizou a etapa complementar, deu-lhe caráter, deu-lhe alma, infundiu-lhe dramatismo. Por outro lado, verificamos ainda uma vez o seguinte: a bola tem um instinto clarividente e infalível que a faz encontrar e acompanhar o verdadeiro craque. 

Foi o que aconteceu: a pelota não largou Zizinho, a pelota o farejava e seguia com uma fidelidade de cadelinha ao seu dono. [...]

No fim de certo tempo, tínhamos a ilusão de que só Zizinho jogava. Deixara de ser um espetáculo de 22 homens, mais o juiz e os bandeirinhas. Zizinho triturava os outros ou, ainda, Zizinho afundava os outros numa sombra irremediável. Eis o fato: a partida foi um show pessoal e intransferível.

E, no entanto, a convocação do formidável jogador suscitara escrúpulos e debates acadêmicos. Tinha contra si a idade, não sei se 32, 34, 35 anos. Geralmente, o jogador de  34 anos está gagá para o futebol, está babando de velhice esportiva. Mas o caso de Zizinho mostra o seguinte: o tempo é uma convenção que não existe [...] para o craque. [...] Do mesmo modo, que importa a nós tenha Zizinho dezessete ou trezentos anos, se ele decide as partidas? Se a bola o reconhece e prefere?

No jogo Brasil x Paraguai, ele ganhou a partida antes de aparecer, antes de molhar a camisa, pelo alto-falante, no intervalo. Em último caso, poderá jogar, de casa, pelo telefone.

RODRIGUES, Nelson. Disponível em: <http://goo.gl/OcttjP>. Acesso em: 15 out. 2013. *Adaptado: Reforma Ortográfica. Fragmento. 

Questão 12. No trecho “Ora, o primeiro tempo caracterizara-se por uma esterilidade bonitinha.” (3° parágrafo), o uso do diminutivo no termo em destaque sugere

A) admiração.

B) deboche.

C) suavidade.

D) tamanho.

Resposta correta: B) deboche.

Comentário:
O diminutivo em “esterilidade bonitinha” não é usado para indicar tamanho ou suavidade real, mas sim ironia e deboche. O narrador critica o fato de o primeiro tempo ter sido sem gols e sem emoção, chamando-o de “bonitinho” de forma sarcástica para enfatizar que, apesar de “arrumado”, foi improdutivo.

Por que as demais estão incorretas:

  • A: não há admiração, mas crítica velada.

  • C: suavidade não é a intenção, o tom é irônico.

  • D: tamanho não é o sentido do diminutivo aqui.

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[GABARITO] D19 – Reconhecer o efeito de sentido decorrente da exploração de recursos ortográficos e/ou morfossintáticos - 3º EM

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